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5 de outubro de 2013

Lembranças Indígenas...

Olá Queridos !

A nossa mente, não mente!Risos. Ou seja, quando pensamos  as lembranças retornam como nos dizendo,lembra-se de tal fato? É bem assim.

Uma vez, há alguns anos, morei em um Posto Indígena, junto a minha família, pois meu pai  foi trabalhar ali, e recordo, com muito carinho, de figuras indígenas, que viam e percebiam naquela menina de 11 anos a curiosidade desta aprendiz, e sentiam prazer em ensinar.




Ali, havia o "Zé da Lagoa”, o “Cacique Gervásio”, que muito me explicava sobre a cultura Caingangue, que a grande maioria desconhece e crê não existir, e existe SIM, e é forte!

Citei esses, mas havia “Dona Rosa” e suas preces, junto ao marido “Pagé”, termo que ele se referia creio para os brancos, pois ali existia a Cultura Indígena com seus ritos SECRETOS, apenas ocorrendo entre ele, assim como seus nomes próprios que apenas eles conheciam ,e em caso  de falarem a língua deles.



Eu percebo hoje, que muitas coisas eu aprendi. E poderia ter aprendido mais, como por exemplo, quando falecia alguém da tribo, após as despedidas feitas da forma dos "brancos”, permanecia, o meu amigo Pajé, o Cacique, Dona Rosa e  eu por não temer, a morte, fiquei uma vez, pois meu pai foi convidado, e era uma grande honra, acompanhar, o canto lamentoso no idioma Caigangue, e após alisarem com as mãos o Cacique e o Pajé, a terra onde estava o túmulo. Aparecia, um formato, de pé que segundo nos foi explicado, dependendo do tamanho, definia a próxima pessoa da aldeia a falecer.

Era sigilo, era segredo, era cultura deixada por seus ancestrais e que maravilha!
Preservada do homem dito civilizado, eles guardavam  em segredo, apenas  nós sabíamos e ali estava surgido da terra lisa um pé, que após algumas deliberações, entre os três em língua Caigangue, seria de um adulto, e pela largura do pé um homem. 



Aconteceu-se? Não recordo, pois para mim, fazia pouco sentido na época esse tipo de proceder, mas meu pai disse que sim, e lembro que na época, a tuberculose, que era escondida até a última hora, pois temiam tratamento "dos brancos”, matou muitas pessoas... Por isso, menciono lá no inicio neste ter participado.

Meu pai ia a todos, pois apesar da campanha, de conscientização, de haver medicação, preferiam a erva, e as infusões de SEUS VELHOS.



Bem, essa lembrança ressurge hoje forte, após o dia da Ecologia e daqueles  que assim como Francisco de Assis, cuidavam de seu verde, seus bichinhos e só matavam, os que eram criados na própria reserva, para abate e saciar-lhes a fome, como gado, porcos e aves...

Boa lembrança, lindas pessoas conheci ali, minha irmã me dava noticias, pois trabalhou lá uma época, e minhas amiguinhas da época, mandavam recados, e já muitas são avós e bisavós, com menos de 50 anos.




Que bom ter o que é bom para lembrar! Fiquei feliz... Beijos nos corações destes espíritos generosos, que ensinavam com prazer e alegria, creio ter recebido a visita deles hoje, lá de longe, onde o sol se deita, para deixar a linda lua também brilhar!



Abraços Fraternos.

Mara Bahia.

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