Olá Queridos !
A nossa mente, não mente!Risos. Ou seja, quando pensamos as lembranças
retornam como nos dizendo,lembra-se de tal fato? É bem assim.
Uma vez, há alguns anos, morei em um Posto Indígena, junto a minha família,
pois meu pai foi trabalhar ali, e recordo, com muito carinho, de figuras indígenas,
que viam e percebiam naquela menina de 11 anos a curiosidade desta aprendiz, e
sentiam prazer em ensinar.
Ali, havia o "Zé da Lagoa”,
o “Cacique Gervásio”, que muito me
explicava sobre a cultura Caingangue, que a grande maioria desconhece e crê não
existir, e existe SIM, e é forte!
Citei esses, mas havia “Dona Rosa”
e suas preces, junto ao marido “Pagé”,
termo que ele se referia creio para os brancos, pois ali existia a Cultura
Indígena com seus ritos SECRETOS, apenas ocorrendo entre ele, assim como seus
nomes próprios que apenas eles conheciam ,e em caso de falarem a língua
deles.
Eu percebo hoje, que muitas coisas eu aprendi. E poderia ter aprendido
mais, como por exemplo, quando falecia alguém da tribo, após as despedidas
feitas da forma dos "brancos”, permanecia,
o meu amigo Pajé, o Cacique, Dona Rosa e eu por não temer, a morte, fiquei
uma vez, pois meu pai foi convidado, e era uma grande honra, acompanhar, o
canto lamentoso no idioma Caigangue, e após alisarem com as mãos o Cacique e o Pajé, a
terra onde estava o túmulo. Aparecia, um formato, de pé que segundo nos foi explicado,
dependendo do tamanho, definia a próxima pessoa da aldeia a falecer.
Era sigilo, era segredo, era cultura deixada por seus ancestrais e que maravilha!
Preservada do homem dito civilizado, eles guardavam em segredo, apenas
nós sabíamos e ali estava surgido da terra lisa um pé, que após algumas deliberações,
entre os três em língua Caigangue, seria de um adulto, e pela largura do pé um
homem.
Aconteceu-se? Não recordo, pois para mim, fazia pouco sentido na época
esse tipo de proceder, mas meu pai disse que sim, e lembro que na época, a tuberculose,
que era escondida até a última hora, pois temiam tratamento "dos brancos”, matou muitas pessoas...
Por isso, menciono lá no inicio neste ter participado.
Meu pai ia a todos, pois apesar da campanha, de conscientização, de
haver medicação, preferiam a erva, e as infusões de SEUS VELHOS.
Bem, essa lembrança ressurge hoje forte, após o dia da Ecologia e
daqueles que assim como Francisco de Assis, cuidavam de seu verde, seus
bichinhos e só matavam, os que eram criados na própria reserva, para abate
e saciar-lhes a fome, como gado, porcos e aves...
Boa lembrança, lindas pessoas conheci ali, minha irmã me dava noticias,
pois trabalhou lá uma época, e minhas amiguinhas da época, mandavam recados, e
já muitas são avós e bisavós, com menos de 50 anos.
Que bom ter o que é bom para lembrar! Fiquei feliz... Beijos nos
corações destes espíritos generosos, que ensinavam com prazer e alegria, creio
ter recebido a visita deles hoje, lá de longe, onde o sol se deita, para deixar
a linda lua também brilhar!
Abraços Fraternos.
Mara Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário