Bem, a cada texto, vem uma história a mente e a gente pensa: “nossa como não lembrei disso antes...”
Há vinte oito ou vinte nove anos atrás, uma amiga de
tempos de universidade, me avisa, assim como as outras colegas, que com os anos
viraram amigas, nos 4 anos de convívio diário (tempo de duração do curso), que iria ser mãe.
Ficamos todas felizes, pois ela era do nosso grupo a
única que não tinha bebê, e possuía uma enorme vocação para maternidade.
Passado algum tempo, nos falamos todas por telefone,
as outras amigas, começaram a ficar preocupadas com o silêncio dela, e pelos cálculos,
o bebê já teria nascido (foram muito mais
de 40 semanas...).
Tentei ligar, caiu na secretária, eu deixei vários
recados, perguntando como ela estava...
Pela noite, ela liga e pede que convidasse em nome
dela, as demais amigas, para irmos tomar um café com ela, e conhecer o bebe já
com 15 dias.
Dia marcado lá estávamos, para conhecer o gurizão, e
quando ela abriu a porta víamos uma pessoa extremamente cansada, pálida e com
olheiras imensas.
Ela nos contou então, que o bebê havia nascido sem a
ligação do esôfago ao estomago, e sim, ao pulmão. O bebê já tinha, inclusive,
sido submetido, a uma cirurgia nas primeiras 24 horas de vida.
Ela, havia sido avisada que ele talvez não sobrevivesse,
e até um ano, ele poderia se engasgar e falecer.
Lembro como se hoje fosse... Sobre a mesa da sala de
jantar ela havia montado com enorme carinho: café, pães e doces, e tudo que ela
pode fazer, juntamente com sua mãe para nos receber.
Eu percebi, que perto da cama do menininho, havia
uma térmica de café, pois ela não dormia à noite, vigiando o sono do bebê, que
a cada dez ou vinte minutos engasgava...
Enfim, num ímpeto, de quem já tinha um filho, e
percebia a exaustão dela, peguei o bebê, e disse para ela: “senta, e toma tu, o teu café, enquanto eu seguro, o bebê...”
Ela, mesmo surpresa, confirmou com a cabeça...
E então, continuei: “Ensina-me a destrancar (como ela dizia)...”.
E após passar
a primeira tosse, ela percebeu que poderia confiar em mim e, sentou e comeu, como
segundo ela não fazia há 15 dias, pois as pessoas tinham medo, que acontecesse
o pior, e se omitiam.
O pobre pai, se refugiava no trabalho e a noite, por
duas vezes dormiu, deixando o bebê, quase sufocar, o que a fez perder a
segurança em deixa-lo. E assim, viravam a noite, uma vez que, por questões familiares,
ela podia contar com ajuda da mãe somente de dia.
Bem, depois que ela terminou seu lanche, me pediu
para ir até o quartinho lindo do bebe, e me fez uma das perguntas mais difíceis
da minha vida.
Ela sabia que eu era espiritualista, e trabalhava em
passes, pois várias vezes, ela havia ido ao local, que eu frequentava, e seguia,
a risca o que eu havia lhe pedido, de NÃO tomar passe comigo.
Então, ela me pede, que pelo amor de Deus, que
orasse pelo filho, e perguntasse ao meu Mentor, que intuísse, se valia a pena
todo sofrimento, pois estava extenuada, e começava a perder as esperanças.
Saiu do quarto ao meu pedido, e, orei pedindo a Deus,
uma resposta, e minha mente se encontrava totalmente “branca”, pois após saber de tudo que ela enfrentaria, quase
antecipando a mesma dor que eu teria alguns anos após, eu senti, dentro do
coração, todo amor que havia nos olhos daquela mãe, e lembrando-se de minha mãe,
da Mãe Maria de Jesus...
Então, quando ela entrou no quarto, seu olhar aflito
e ansioso, eu afirmei, sem medo de
qualquer outra possibilidade, pois ali naquela amiga, estava uma mãe que amava:
“Sim, eu senti o meu Mentor, e tu vais
vencer essa tua luta, em um ano teu guri, vai estar totalmente curado...”.
Ela me abraçou, e chorando muito, agradeceu a Deus, pela
resposta e juntas rezamos uma Ave-Maria, uma vez que ela é católica...
A cada crise, que os fazia ir de madrugada, para o
hospital de pronto-socorro, a cada dia que ela com sua mãe, iam até o hospital,
para mais exames, a cada vez que lhe era levantada a hipótese, de em uma dessas
crises ele não iria voltar, ou seja, não resistir, ela dizia: “Eu sei, que ao término deste ano, ele
estará curado...”.
E ao passo, que todos enfraqueciam, ela se
fortificava, porque me falou que lembrava, daquilo que eu havia dito, e que era
orientação espiritual.
E ela lutou, as semanas e os meses se passaram, e
tivemos uma festa de um ano, dois anos, três anos, enfim, celebramos os casamentos,
e logo será avó... E assim correram os anos...
Quando, eu enfrentava a minha provação, eu a tive ao
meu lado, e após, quando tudo recomeçou, ali também estava aquela amiga-irmã , no primeiro ano de minha
filha, no segundo, no terceiro, no nascimento de meu filho, um ano após ela ter
tido uma menina...
Ambos hoje têm suas famílias. Falamos-nos pouco,
pois eles mudaram para o interior, mas quando falamos, é como se o tempo em que
estivemos longe, nunca tivesse transcorrido.
Assim se formam laços, nossos maridos jogavam bola
juntos, a nossa amizade forjada na dor da angústia e na crença leal em Deus, fez
com que conseguíssemos superar dores, e volto a afirmar a importância de falar,
e a necessidade de calar.
Você pode pensar: “Ah, mas tu mentiste...”.
Eu lhes respondo: Não, eu omiti que não havia sentido
nada, eu agi como um grande Orientador me ensinou, de forma carinhosa e
fraterna na figura de um preto velho, se não souberes o que dizer pense em
Maria...
Hoje transcorrido muitos anos, que voaram como um
lindo texto que recebi por e-mail hoje falando do tempo em nossas vidas, muitas
vezes penso em Maria, nome de minha amada mãe, e na Mãe de todos, por amor a
humanidade.
Para todas as Mães, eu ofereço esse texto na
proximidade de seu dia, pois li, uma vez, em um livro, que não me recordo autor:
“Quando
Deus, está cansado e adormece, pede as Mães, para cuidarem do Mundo...”.
Abraço fraterno, e o meu amor sempre Mãe.
Mara Bahia
Vc Acredita que eu lembro o dia que vc contou essa história na aulinha ????Lembro inclusive que vc disse que o menino cresceu e de vez em quando dava ums "trancadas" aí ele dava umas batidinhas no peito e tudo ficava bem ....naquela época só entendi sobre a fé, hj lendo a mesma história entendo como mãe o pânico, a dor, o sofrimento e o desespero por um sinal positivo da espiritualidade, qualquer coisa que nos faça acreditar que não nos será tirado um pedaço de nós, que não sentiremos aquele buraco....Hj eu sei ...Um beijo muito grande para vc que prá mim sempre teve a posição de uma mãe na minha vida!
ResponderExcluirMinha amada,
ExcluirObrigada pelo teu carinho. É muito bom ter filhos espalhados por ai. Sinal que a semente plantada, há algum dia, está sendo multiplicada.
Um enorme beijo, no teu coração.
Cléia
Eu toda chorosa, chorei do inicio ao fim. Cada "história" um ensinamento, ensinamento este valioso que nos faz refletir nos nossos passos. E reforço o que a Carmen falou e sempre te disse és como uma mãe. Beijão
ResponderExcluirObrigada, pelo carinho amada.
Excluir